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Lavagem digital: investiga??es já apontavam usos de fintechs para movimentar dinheiro de fac??es criminosas

Cerca de 1.400 agentes cumprem,??esjáapontavamusosdefintechsparamovimentardinheirodefac??palpites de jogo nesta quinta-feira, mandados de pris?o e busca e apreens?o em sete estados do país na Opera??o Carbono Oculto, que mira um esquema bilionário do Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor de combustíveis. Os investigadores também identificaram o uso de gestoras e fintechs esquema para lavar dinheiro, segundo a Receita Federal. Reportagem do GLOBO, publicada no início deste mês, mostrou como investiga??es já apontavam o uso das fintechs pelo crime organizado. “O futuro é agora”, anuncia nas redes sociais uma fintech de Mogi das Cruzes (SP), em uma sequência de posts com imagens criadas por inteligência artificial (IA) que mostram jovens enriquecendo enquanto teclam no celular. Outras duas institui??es de pagamento da capital paulista e de Campinas (SP) prometem “l(fā)iberdade” e o “avan?o para o futuro”. “Restri??es bancárias e bloqueios judiciais tiram o seu sono? Conhe?a a conta garantida e retome o controle”, propaga a primeira. “Seja digital, seja atual”, refor?a a segunda. Essas três s?o parte de um grupo de fintechs que entrou na mira das autoridades nos últimos meses por suspeita de lavar dinheiro do crime e tiveram opera??es suspensas pela Justi?a. Segundo as investiga??es, as empresas de “inova??o tecnológica” operavam a servi?o de pessoas ligadas ao Primeiro Comando da Capital e ao Comando Vermelho (CV), as duas maiores fac??es criminosas do país. Com muitas startups financeiras fora do radar dos órg?os de controle, o fen?meno da “fintechiza??o” chegou ao submundo do crime. De acordo com as investiga??es, cerca de R$ 28,2 bilh?es de recursos oriundos de supostos esquemas do tráfico de drogas e armas foram movimentados nos últimos seis anos por meio de oito dessas institui??es de pagamento e bancos digitais, que oferecem todo o tipo de produto financeiro, de transferências de recursos a compra e venda de criptomoedas. O valor foi levantado pelo GLOBO com base em mais de 3 mil páginas de relatórios e denúncias de seis opera??es da Polícia Federal, Polícia Civil de S?o Paulo e Rio e do Ministério Público. O montante corresponde a mais da metade do or?amento da Prefeitura do Rio (R$ 46 bilh?es) e supera o de Belo Horizonte (R$ 22,6 bilh?es) para 2025. As mais de 1.500 fintechs em opera??o no Brasil ampliaram o acesso da popula??o a servi?os bancários ao proporcionar maior competi??o no setor financeiro com solu??es tecnológicas, menos burocracia e taxas mais baixas. Essa mesma infraestrutura, no entanto, também passou a ser explorada por organiza??es criminosas, que se aproveitam da regulamenta??o limitada do segmento, de acordo com investigadores e especialistas. Como funciona o esquema — Foto: Editoria de Arte Em nota enviada em agosto, o Banco Central (BC) informa que faz um trabalho constante de supervis?o das institui??es e vem aperfei?oando a regula??o para prevenir a a??o de criminosos. O fluxo de dinheiro por meio de fintechs era tamanho, segundo a polícia, que propiciou algo impensável na guerra de pontos e rotas de tráfico entre as fac??es brasileiras. Em abril, a Polícia Civil do Rio descobriu que o CV também usava um “banco cripto” para movimentar dinheiro sujo. Nas palavras dos investigadores, era uma “alian?a estratégica e logística” entre PCC e CV, que compartilhavam o esquema de lavagem de dinheiro. Bitcoin no tráfico Em 2018, um traficante brasileiro foi pego em uma intercepta??o telef?nica na Itália recusando-se a ser pago em bitcoin por uma carga de cocaína, conta o professor italiano Antonio Nicaso, da Universidade Queens, no Canadá, e autor do livro “Máfia Global: a nova ordem mundial do crime organizado”: — O PCC e a ‘Ndrangheta (máfia do sul da Itália) est?o cada vez mais conscientes das novas tecnologias. Investiram em criptomoedas e plataformas clandestinas de trading. No caso da ‘Ndrangheta, também houve o uso de hackers. Formas de lavagem Segundo as investiga??es, os criminosos utilizam diferentes métodos para lavar dinheiro por meio das fintechs. Um deles é o fracionamento de transa??es, ou seja, dividir grandes quantias em pequenas opera??es para evitar alertas de movimenta??es suspeitas. Isso pode ser feito por meio de carteiras digitais e contas bancárias virtuais. As fac??es também usam fintechs para converter dinheiro ilícito em criptomoedas, dificultando o rastreamento. Também abrem contas de “l(fā)aranjas” e empresas de fachada para movimentar grandes volumes sem levantar suspeitas. Os investigadores apontam ainda a atua??o com empréstimos fraudulentos. Os criminosos solicitam financiamentos em fintechs com documentos falsos e quitam a dívida com recurso ilegal, criando uma justificativa legítima para a transa??o. ‘Contas bols?o’ s?o usadas para blindar patrim?nio e titulares Além da facilidade para movimentar o dinheiro fora do sistema tradicional, um inquérito da Polícia Federal mostra que fintechs também viraram instrumento de blindagem patrimonial de recursos. Empresas permitiam desvincular de contas os seus reais titulares, conferindo uma espécie de prote??o contra bloqueios judiciais, quebras de sigilo e rastreamento de movimenta??es. A blindagem funciona por meio das chamadas “contas bols?o”, segundo as investiga??es. As fintechs apareciam como titulares de uma conta de pessoa jurídica em um banco credenciado pelo BC. A partir dessa conta, a fintech opera diversas subcontas em nome de clientes finais, que n?o têm nenhum vínculo com o banco oficial. Dessa forma, n?o s?o alcan?ados pelas autoridades. A partir da fintech, esses usuários remetem ou recebem dinheiro pelo banco de grande porte, que debita ou credita os valores na conta bols?o. No extrato das transa??es, no entanto, os destinatários e remetentes n?o aparecem. Fintech é um termo amplo: inclui empresas que oferecem servi?os financeiros usando tecnologia — e nem todas elas realizam atividades que exigem autoriza??o do BC. Mesmo com a fiscaliza??o reduzida em cima do segmento, dados oficiais já indicam a infiltra??o do crime no segmento. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) recebeu neste ano, segundo dados obtidos via Lei de Acesso à Informa??o, um volume recorde de comunica??es de opera??es suspeitas envolvendo “arranjos e institui??es de pagamento”, categoria das fintechs. Até junho de 2025, foram 85.829 comunica??es, o que já superou o ano todo de 2024 (80.955) e equivale a mais do que o dobro de 2022 (36.221) e 2023 (34.024). Há dez anos, esse indicador havia registrado somente 45 comunica??es. Mais recente Próxima Haddad diz que fintechs ser?o enquadradas como institui??es financeiras na Receita Federal Newsletter Mais do Globo .post-notifier-pushstream{ display:none}.bstn-fd .bastian-card-mobile,.bstn-item-shape,.tag-manager-publicidade-banner_feed_esppub--visivel .tag-manager-publicidade-banner_feed_esppub{ background-color:#fff;contain:layout paint style;margin:16px 0 0;overflow:hidden}.feed-media-wrapper{ margin:24px -24px 0}.bstn-fd-item-cover{ background-color:#ccc;background-position:50%;background-size:cover;height:0;overflow:hidden;padding-top:56.25%;position:relative;width:100%}.bstn-fd-cover-picture{ position:absolute;top:0;left:0;height:100%;width:100%}.bstn-fd-picture-image{ color:transparent;height:100%;width:100%}.feed-post-body{ padding:24px 24px 0}.feed-post-link{ display:block;text-decoration:none}.feed-post-header{ color:#333;font:16px/20px Arial,sans-serif;letter-spacing:-.32px}.bstn-aovivo-label,.feed-post-header-chapeu{ 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