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Apologia ao diabo: veja as páginas que fizeram a Prefeitura de Sorocaba censurar livro na rede municipal

A Prefeitura de Sorocaba (SP) censurou e determinou a retirada da rede municipal de ensino,como criar uma plataforma de jogos de aposta na quarta-feira (3), os exemplares do livro premiado ABC Doido, usado com aval do Ministério da Educa??o.

O documento assinado por Clayton Cesar Marciel Lustosa, que é bispo evangélico e secretário de Educa??o da cidade, determina que os exemplares que estiverem nos acervos das institui??es educacionais da rede municipal sejam separados e retirados do uso imediatamente.

O alvo da polêmica é uma obra escrita em 1999, com 112 páginas. A ideia da autora Angela Lago era ensinar o alfabeto de forma n?o convencional, no caso, de trás para frente.

O g1 teve acesso um exemplar do material de uma das unidades de ensino. O alvo da polêmica é uma obra escrita em 1999, com 112 páginas. A ideia da autora Angela Lago era ensinar o alfabeto de forma n?o convencional, no caso, de trás para frente.

1 de 5 magens e textos geraram polêmica em Sorocaba e fizeram prefeitura censurar livro na rede municipal — Foto: Marcel Scinocca/g1

Um tridente, uma cruz, uma ilustra??o do que seria o diabo e um pequeno texto provocativo. Esses foram os elementos que fizeram a Prefeitura de Sorocaba (SP) censurar e determinar a retirada da rede municipal de ensino, na quarta-feira (3), os exemplares do livro premiado ABC Doido, usado com aval do Ministério da Educa??o.

O documento, assinado por Clayton Cesar Marciel Lustosa, que é bispo evangélico e secretário de Educa??o da cidade, determina que os exemplares que estiverem nos acervos das institui??es educacionais da rede municipal sejam separados e retirados do uso imediatamente. “Informamos que esta obra literária n?o deve ser utilizada em sala de aula e nem disponibilizada aos alunos”, diz o documento.

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O g1 teve acesso um exemplar do material de uma das unidades de ensino. O alvo da polêmica é uma obra escrita em 1999, com 112 páginas. A ideia da autora Angela Lago era ensinar o alfabeto de forma n?o convencional, no caso, de trás para frente. A editora Melhoramentos lamentou a decis?o da prefeitura (veja mais detalhes abaixo).

As ilustra??es e textos coloridos aparecem em páginas também multicoloridas. Ao longo da obra, há várias men??es carinhosas como "anjinho, santo e benzinho". Entretanto, o que chamou a aten??o de pais de alunos da rede pública foi o conteúdo das páginas 28, 29, 30 e 31.

2 de 5 Imagens e textos geraram polêmica em Sorocaba e fizeram prefeitura censurar livro na rede municipal — Foto: Marcel Scinocca/g1

Na página 28, o texto diz o seguinte: “Minha cruz é você! Mas tem outra cruz no ABC…” Na página seguinte, ao retratar o alfabeto, a letra “s” é representada por um saci - um dos símbolos do folclore brasileiro. Já a letra “t” é representada por tridente - arma de três pontas, frequentemente associada ao diabo, mas que apresenta diferentes representa??es dependendo da cultura -, e a “v” por um vampiro.

Na página 30, ao falar da letra “t”, em meio a várias figuras, o texto diz o seguinte: "é um T de tridente, diabo? Ou é um cruz, capeta? Cruz n?o!"

A página seguinte apresenta a letra T, com a ilustra??o de uma pessoa, que foi interpretada como a imagem que lembra Jesus crucificado.

O que a prefeitura justificou

A Secretaria de Educa??o (Sedu) informou que, diante de questionamentos de pais de estudantes da rede municipal, “solicitou, de forma cautelar, o recolhimento dos exemplares do referido livro das unidades escolares. O levantamento da quantidade de obras já está em andamento”.

“Os exemplares foram recolhidos para análise da Comiss?o Permanente de Análise de Títulos de Livros Paradidáticos, instituída em 2021 e regulamentada pela Portaria SEDU/GS no 02, responsável pela avalia??o de obras paradidáticas adotadas na rede municipal.”

Os exemplares devem ser entregues no protocolo do Centro de Referência em Educa??o até 9 de setembro.

Editora lamentou determina??o

Em nota, a Editora Melhoramentos, responsável pelo livro, diz lamentar a decis?o sobre o pedido de retirada do material. Diz ainda que o título é considerado um clássico da literatura infantil brasileira e, desde ent?o, tem sido amplamente adotado por institui??es de ensino em todo o país como material de apoio em processos de alfabetiza??o e incentivo à leitura.

“Em 2000, a obra foi reconhecida com o Prêmio Jabuti de Literatura, na categoria Infantil e Juvenil, consolidando-se como uma referência no campo educacional e literário.”

“A autora Angela-Lago é uma das vozes mais reconhecidas da literatura infantil e juvenil brasileira. Sua produ??o, traduzida e premiada internacionalmente, é marcada pela originalidade, pelo diálogo com a cultura popular e pelo compromisso em colocar a crian?a como sujeito ativo da leitura.”

Recorrente

Durante a gest?o do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos), essa é a terceira vez que há retirada de livros da rede. Em 2021, mais de 1,5 mil livros paradidáticos com conteúdos considerados inadequados para crian?as por uma comiss?o técnica da rede municipal de ensino foram substituídos pela Prefeitura de Sorocaba (SP). Os exemplares foram enviados pela obra "O Pequeno Príncipe".

Em 2022, houve a retirada da rede municipal o livro “Deus me Livre!” por determina??o do prefeito. De acordo com Manga, o material n?o era apropriado para crian?as.

No caso do último, o caso aproveitou a polêmica para gerar engajamento em suas redes sociais, onde tem mais de sete milh?es de seguidores. No post, Manga explicita que o conteúdo faz apologia ao diabo.

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