Pai' do Smart Sampa pede exonera\u00e7\u00e3o e exp\u00f5e disputa na gest\u00e3o Nunes

'Dinastias paulistanas' emplacam sobrenomes na política há décadas e mantêm redutos em áreas específicas da cidade; veja os mapas

Os 55 assentos da Camara Municipal de S?o Paulo ficaram um pouco mais diversos nas últimas elei??es,íticahádécadasemantêmredutosemáreasespecíloteria fort loteria da sua vida jogo do bicho com mais mulheres e parlamentares que se declaram pardos. Mesmo com a ascens?o de novas figuras na política local, porém, certos sobrenomes s?o onipresentes no legislativo da cidade desde a redemocratiza??o, em 1985. Cl?s como os Hato est?o na segunda gera??o com cargo de vereador. Jooji Hato foi parlamentar por sete mandatos consecutivos e agora o filho foi reeleito pela quarta vez: George, do MDB, carrega o sobrenome do pai — e a for?a em nichos como a comunidade japonesa e a regi?o da Saúde, na Zona Sul. Na mesma área, que é um celeiro de figuras importantes da política paulistana, como o prefeito reeleito Ricardo Nunes (MDB), reinam também os Tatto, na regi?o da Capela do Socorro. O cl? tem cinco irm?os na vida pública que come?aram a amassar o barro nas alas da Igreja Católica adeptas da teologia da liberta??o e participaram da funda??o do PT. Outro grupo marcante é o do vereador Milton Leite (Uni?o), presidente da Camara há quatro mandatos, que emplacou dois filhos no legislativo e aben?oou dois sucessores: Silv?o e Silvinho, que, apesar de n?o serem parentes de sangue, levaram o nome "Leite" nas urnas e juntaram mais de 100.000 votos, em especial na Zona Sul. Veja, a seguir, as principais dinastias da política paulistana, entenda como consolidaram for?a eleitoral e as prioridades de cada cl?, que mantêm há décadas for?a eleitoral em regi?es específicas, emplacando filhos, irm?os e amigos na Palácio Anchieta, sede do legislativo da capital paulista: Os Hato come?am na política com o falecido Mario Hato, que foi deputado federal pela primeira vez em 1979 pelo antigo PMDB, atual MDB, sigla em que a família permanece. Nos anos 1980, foi a vez de Jooji Hato entrar para a vida pública. Irm?o de Mario, se estabeleceu na Camara dos Vereadores paulistana, onde permaneceu por sete mandatos, até 2010, quando virou deputado estadual por dois mandatos e faleceu em 2019, aos 70 anos. Na última elei??o, mantiveram o sobrenome na política com George Hato, 43, filho de Jooji e vereador que chega ao quarto mandato. Descendentes de japoneses, ganharam espa?o entre a comunidade nip?nica da capital paulista, a quem o vereador atribui parcela importante da vota??o. — A Saúde (Zona Sul) é o segundo bairro com mais descendentes de japoneses, depois da Liberdade — diz George, analisando as zonas eleitorais da cidade que mais lhe deram votos. Além da Saúde, aparecem também áreas vizinhas como Cursino e Ipiranga. George come?ou na política como membro da juventude do MDB e se candidatou pela primeira vez aos 32 anos, em 2012. Os Hato s?o uma família de médicos. Todos os três que já foram eleitos para cargos públicos s?o formados em medicina, assim como outros parentes que carregam o sobrenome. George ganhou espa?o na cidade com pautas voltadas para o esporte, como a reforma de pistas de skate e a revitaliza??o do estádio de beisebol Mie Nishi, esse último, "um pedido da comunidade japonesa", explica ele. A influência dos Zarattini na Zona Oeste de S?o Paulo come?ou com o deputado federal Carlos Zarattini (PT), tio da recém-reeleita vereadora Luna Zarattini (PT). O parlamentar iniciou a trajetória no sindicato dos metroviários, onde conquistou os primeiros aliados e fortaleceu a base política. O primeiro partido para o qual entrou foi o MDB, mas em seguida mudou para o PT, sigla que escolheu para tentar a primeira elei??o como candidato a vereador, em 1992. Foi eleito como suplente, mas conseguiu exercer o mandato. Em 1998 virou deputado estadual, depois federal em 2006, e permanece na Camara dos Deputados. Apesar de o sindicato ter dado o empurr?o inicial na carreira, foi a regi?o do bairro do Butant?, Zona Oeste, que solidificou os votos de Zarattini ao longo dos anos. Ainda no primeiro mandato como vereador, o atual deputado decidiu fundar um jornal de bairro para denunciar os problemas da regi?o e entrou para o conselho de saúde local. — Depois que eu casei, mudei para o Butant? e fiz minha base política. Ter uma base em um bairro é importante, você tem contato direto com a vida real das pessoas. Mas a Luna, além dos votos no bairro, conseguiu muito alcance na internet. O nome, a quest?o familiar ajuda, mas n?o é só isso. Hoje n?o tem tanto essa coisa de reduto, é menos importante do que já foi — avalia o deputado. O gosto da família pela política come?ou com o pai de Carlos Zarattini, av? de Luna, Ricardo Zarattini. Ele foi militante político contra a ditadura militar, fez parte do Partido Comunista Brasileiro e do MR-8, movimento de luta armada que sequestrou o embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick. Foi preso político, solto em 1969 e exilado. Ricardo Zarattini chegou a ser deputado federal por um mandato, eleito em 2002. Na família Tripoli, três irm?os já passaram pela Camara dos Vereadores paulistana. Ricardo, Roberto e Reginaldo, o último conhecido como Xexéu, acumularam seguidas reelei??es com foco nos direitos dos animais. O primeiro da família na vida pública foi Ricardo, que iniciou a política no movimento estudantil da PUC-SP, eleito vereador nos anos 1980, depois deputado e líder do PSDB na Camara federal. A última disputa foi ao Senado, em 2018, quando n?o foi eleito. Roberto, um dos fundadores do Partido Verde, o PV, de quem é filiado, embarcou nas causas ambientalistas nos anos 80 e destinou as emendas que criaram o primeiro hospital público veterinário da cidade, na Zona Leste de S?o Paulo, em 2012, regi?o com bairros que lhe deram boa vota??o como Vila Formosa e Tatuapé. — Sempre tive uma vota??o bem distribuída pela cidade, mas a Zona Leste é onde teve o primeiro hospital. N?o sou um parlamentar regional, moro em Pinheiros — avalia Roberto, que tem 70 anos, acumula mais de 30 anos como vereador e alcan?ou outro mandato. O irm?o Xexéu, que foi eleito pela primeira vez em 2016, decidiu pendurar as chuteiras da Camara após dois mandatos e n?o foi candidato à reelei??o neste ano. Autor de projetos de lei que deram o que falar na cidade, como a tentativa de proibi??o das corridas de cavalo no Jockey Club e a obrigatoriedade da "água da casa" nos restaurantes paulistanos, é filiado ao Uni?o Brasil e diz que pretende voltar ao nicho empresarial, onde atuava antes da vida pública. — N?o queria seguir carreira no ambiente político. Por quest?es pessoais, decidi n?o concorrer — diz Xexéu, que foi um dos responsáveis por trazer o estrelado restaurante Capim Santo, originário de Trancoso, na Bahia, para a cidade. A família Tatto é a mais numerosa entre as 'dinastias paulistanas' e também uma das mais influentes. Cinco irm?os ocupam cargos eletivos: Arselino e Jair s?o vereadores, Enio é deputado estadual e Jilmar e Nilton s?o deputados federais. A presen?a na política come?ou com Arselino, que n?o foi reeleito vereador neste ano, após nove mandatos iniciados em 1988, deixando apenas o irm?o Jair na Camara. O grupo construiu popularidade na regi?o da Capela do Socorro, Zona Sul, onde os irm?os cresceram. A participa??o política deles come?ou dentro da igreja católica, com grupos de fiéis que combatiam a ditadura militar, a chamada teologia da liberta??o, enquanto pediam melhorias nos equipamentos públicos do bairro, como postos de saúde, escolas e asfalto. O envolvimento com a política do bairro ocorreu junto com o nascimento do PT, nos anos 80. Os irm?os se filiaram, ajudaram a consolidar o partido na regi?o e ocuparam cargos importantes no partido a nível nacional. — Acho que o trabalho de base ainda é fundamental, além do trabalho na internet. Tem que ser um mix. O voto do pobre, lascado, que rala o dia inteiro, que depende de um posto de saúde, é onde o PT atua. Ent?o, este trabalho de bairro tem que continuar — diz Jilmar Tatto, que é secretário de comunica??o do partido. O deputado federal avalia que a presen?a da família na política tende a diminuir, com filhos e sobrinhos distantes da cena partidária. Silv?o e Silvinho Leite n?o s?o parentes de Milton Leite (Uni?o), mas foram nomeados como herdeiros políticos do presidente da Camara na casa legislativa. Os filhos de Milton Leite já ocupam outros cargos públicos. Alexandre Leite é deputado federal e Milton Leite Filho é deputado estadual. Leite (pai) disse que vai encerrar a carreira política em dois anos, depois que deixar a presidência do Uni?o Brasil, e quer dar a chance de seus aliados, do mesmo grupo político, ganharem protagonismo. Milton Leite construiu as bases políticas nas regi?es de Parelheiros e M’boi Mirim, onde iniciou a carreira de empresário e criou la?os com a comunidade, em especial por meio de benfeitorias nos bairros. Leite é dono de uma construtora, a Neumax. A carreira política, porém, come?ou antes, no Partido Comunista Brasileiro, militando contra o regime militar. Depois, passou para o MDB, partido pelo qual foi eleito pela primeira vez em 1996. Em 2006, migrou para o antigo PFL ou DEM, hoje Uni?o Brasil, depois de uma desaven?a com o ex-governador Orestes Quércia. — Sempre fomos uma equipe de trabalho. O Silv?o era meu chefe de gabinete e o Silvinho trabalhou comigo a vida toda. Política n?o é só monopólio familiar, é preciso ter aliados. Sen?o deixa de ser um grupo político, vira um grupo familiar — disse. Os Giannazi, presentes na Camara dos Vereadores e na Alesp, s?o oriundos da Zona Sul da cidade, onde concentram votos. S?o dois irm?os: Carlos, hoje deputado estadual e Celso, vereador. Iniciaram a vida como metalúrgicos e atuavam no movimento sindical de Santo Amaro. Nos anos 1980, faziam parte de grupos de jovens de comunidades eclesiais de base na regi?o da Capela do Socorro e posteriormente se tornaram servidores públicos, com Carlos como professor e Celso como auditor fiscal do município. O primeiro a entrar na vida pública foi Carlos. Filiado primeiro ao PT, em 2000, foi eleito com bandeiras voltadas para a educa??o e, em 2006, no PSOL, virou deputado estadual. Celso foi presidente do sindicato dos auditores fiscais e foi eleito vereador pela primeira vez em 2021. A dupla faz dobradinhas em pautas caras à esquerda na capital paulista, como a oposi??o a reforma da previdência dos servidores públicos da capital paulista, o Sampaprev. Celso foi reeleito para o segundo mandato na Camara com vota??o mais expressiva em Capela do Socorro, Grajaú e Parelheiros, bairros ligados à origem dos irm?os. 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