Em Movimento #19: mobilidade para reduzir desigualdades sociais

Diálogos RJ: evento reúne mulheres para debater políticas de igualdade de gênero e de combate à violência

"Organicamente,álogosRJeventoreúnemulheresparadebaterpolíticasdeigualdadedegêneroedecombateàviolêresultado do jogo do jogo do bicho se nada for feito, mulheres alcan?ar?o equidade salarial e posi??o profissional em rela??o aos homens em 120 anos". A frase, baseada em um dado do Instituto Ethos, foi dita por Helena Bertho, diretora global de diversidade e inclus?o do Nubank, durante a primeira mesa do Diálogos RJ, evento promovido pelo jornal O Globo nesta segunda-feira, com media??o da jornalista Renata Izaal. Na primeira rodada, o debate abordou o tema “Autonomia e desenvolvimento econ?mico das mulheres”, no auditório da Editora Globo, no Centro. Compartilhando um pouco do que acredita para acelerar o processo, ela citou a filha, de 9 anos. Copa do Mundo Feminina: sele??o brasileira levanta bandeira da igualdade de gênero nos jogosImpacto no aprendizado: Combate à violência nas escolas precisa ir além do discurso vazio — A minha filha participou de uma roda de conversa na escola e mencionou essa cita??o do Instituto Ethos, acrescentando que ela tem pressa e n?o quer esperar. Está vindo aí uma gera??o preocupada com essas quest?es — reflete a diretora, que lan?ou ainda uma provoca??o: — Eu acredito muito na intencionalidade. A gente precisa de políticas institucionalizadas para fortalecer a participa??o das mulheres nas tomadas de decis?o nas empresas e chamar os homens para essa conversa. O país só será próspero quando as mulheres negras prosperarem. é importante pensar: quem está na sala quando você está com a caneta na m?o? ZAP DO GLOBO: Receba as principais notícias do país e do mundo no seu celular; clique aqui e fa?a parte da comunidade do GLOBO Para a secretária de estado da Mulher, Heloísa Aguiar, autonomia feminina demanda uma série de a??es transversais, como é a proposta da pasta, criada em janeiro, que realiza um trabalho integrado de atendimento às mulheres junto às polícias Militar e Civil, e às secretarias de Saúde, Educa??o, Trabalho e Renda. — A autonomia econ?mica talvez seja a mais importante para romper com o ciclo de violência e resgatar autoestima e empoderamento. A secretaria existe há sete meses, estamos trabalhando há 200 dias com o foco nessa transversalidade. Nesse tempo, conseguimos atingir 1,3 milh?o de pessoas com campanhas, capacita??es e reuni?es quinzenais — afirmou a secretária. Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME), destacou que 40% das mulheres que empreendem sustentam a família com seus ganhos. Ela considera que é justamente a autonomia econ?mica que pode proporcionar à mulher o poder de tomar decis?o sobre sua vida, mas n?o sem apoio. M?e de duas jovens, ela questiona o adjetivo "guerreira" comumente atribuído às mulheres na rotina de acúmulo de fun??es e jornadas. 'S?o cinco anos e quatro meses resistindo': Fala é da m?e de Marielle Franco, que faria 44 anos — Eu sou m?e de duas adolescentes, de 15 e 20 anos. Elas comiam miojo quando n?o dava para fazer comida. Sempre me perguntavam: "como você dá conta?" E eu respondo até hoje: n?o dou conta, n?o é possível. Quase 80% da economia do cuidado é feita por mulheres, e isso n?o é reconhecido. Aproximadamente 70% das mulheres empreendem por conta da maternidade, empurradas à própria sorte, sem apoio, porque os ambientes corporativos s?o muito hostis para nós. O empreendedorismo é solu??o para as mulheres na medida em que elas tenham apoio e recursos para se manter, mas n?o pode ser usado de forma precarizada — pondera. Como forma de incentivar empresas a aderir políticas de inclus?o das mulheres no mercado de trabalho, a juíza Renata Gil, ex-presidente da Associa??o dos Magistrados Brasileiros e presidente do Instituto Nós por Elas, criou um selo para as institui??es privadas que contratarem mulheres vítimas de violência: — A gente precisa de políticas públicas e privadas. A cada seis horas uma mulher morre em território nacional. Eu fui criada numa família em que tinha que esperar os homens falarem para poder falar. Decidi fundar o instituto pensando em envolver a sociedade civil, organizada ou n?o, no sentido de promover o resgate da dignidade humana através da autonomia. Paz nas escolas: Funda??o Roberto Marinho lan?a cursos gratuitos sobre combate à violência no Dia da Educa??o Na perspectiva psicológica, a dermatologista Katleen Concei??o, chefe do setor de dermatologia para pele negra do Grupo Paula Bellotti, destacou a autoestima como um recurso emocional fundamental para que as mulheres desenvolvam independência. — Meu pai sempre insistiu para eu fazer medicina porque ele dizia que era o que ia me dar dinheiro. Depois eu entendi que ele falava de autonomia. Tudo o que ouvi aqui eu resumiria em autoestima. Sem ela, a mulher n?o vai a lugar nenhum, aceita menos do que merece. Autonomia para mim é autoestima porque dá recursos emocionais para as mulheres crescerem — afirma a médica, que percebeu a disparidade de ra?a já nos primeiros anos da faculdade. — No curso tinham poucos negros, mas quando eu me especializei em dermatologia foi que percebi. Aquele universo n?o existe para o negro. E é muito importante monetizar pessoas negras, profissionais negros, pagar pelo trabalho deles. Combate à violência de gênero: coletivo transforma a realidade de participantes por meio da arte Violência aumenta no estado O Estado do Rio teve um aumento de 23% nos casos de feminicídio em 2022, em compara??o com o ano de 2021, segundo dados do Anuário Brasileiro de Seguran?a Pública. Foram 111 registros, 26 a mais do que no ano anterior. Foi a partir destes números que as convidadas da segunda mesa do evento abordaram os "Desafios e perspectiva para reduzir os índices de violência contra a mulher". A mediadora Renata Izaal e as palestrantes Cláudia Moraes, Tatiana Queiroz, Débora Rodrigues, Denise Motta Dau, Luiza Brunet e Regina Célia Almeida — Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo Só de casos de assédio, o Rio teve 338 registros no ano passado. Em fevereiro, o governo do estado lan?ou a campanha "Ouviu um n?o, respeite a decis?o", que será expandida a todos os municípios. — O maior índice de violência é quando a mulher diz "n?o" para o cara com quem termina o relacionamento, ele n?o respeita e tenta afetá-la de algum jeito. Pensando na preven??o, a gente vai expandir a campanha para todos os municípios, por um Rio sem violência contra a mulher — anunciou Tatiana Queiroz, superintendente estadual de Enfrentamento da Violência contra a Mulher. Dívida ativa: Cobertura de quatro andares em frente à Praia do Flamengo deve quase R$ 1 milh?o de IPTU à prefeitura do Rio; fotos Com media??o da jornalista Renata Izaal, as palestrantes responderam à pergunta que abriu as discuss?es da mesa: "vocês se sentem seguras?". A tenente-coronel da Polícia Militar do Rio e coordenadora estadual da Patrulha Maria da Penha, Cláudia Moraes, afirmou que, dentre as inseguran?as relacionadas à violência, no caso das mulheres, é o medo de sofrer um estupro o que mais atravessa a maioria do público feminino. — Nós precisamos reconhecer que a vida da mulher é um desafio da civiliza??o. Quando você olha os dados, você vê que é um problema n?o só do Rio de Janeiro, mas mundial. O fato de ser mulher torna a pessoa mais vulnerável. A gente precisa encarar esses dados com coragem e iniciativas — aponta a tenente-coronel Cláudia. Vídeo: Estudante é agredida com socos e pux?es de cabelo na saída de escola em Niterói A secretária nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres, Denise Motta Dau, concorda: — é difícil se sentir segura em nosso país, com a realidade desses números. O Ligue 180, no primeiro semestre de 2023, recebeu 8.867 denúncias. As mulheres est?o buscando ajuda — reitera. Seguran?a, para a cofundadora do Instituto Maria da Penha, Regina Célia Almeida, é ter uma rede de apoio em torno de si, de preferência nas bases da forma??o do indivíduo. Ela ressaltou a importancia da orienta??o nas escolas para prevenir o início de um ciclo de violência. — Eu n?o me sinto segura, só quando estou com uma rede de pessoas em volta. E n?o dá para excluir a educa??o desse processo. é preciso dialogar com as demandas que os estudantes já têm. é preciso aprender o que é comunica??o n?o-violenta; às vezes o namoro já é violento. O abuso é a reitera??o de uma situa??o que passou do tolerável — pondera Regina. Luxo, assassinatos e liga??o com Emerson Sheik: saiba quem é Bernardo Bello, alvo de opera??o no Rio Ao lado dela, a ex-modelo, empresária e ativista contra a violência doméstica Luiza Brunet relembrou os episódios de violência que viveu aos 12 anos e, depois, aos 54, com o ex-companheiro. — Eu só estudei até os 12 anos de idade. Tudo passa pela educa??o para se construir como pessoa. Depois de ser violentada já adulta, pensei que ia morrer. Mas eu queria viver. O dia que a mulher vai fazer a denúncia é o dia D para ela, ent?o, ela precisa ser acolhida — alerta Luiza. A delegada Débora Rodrigues, titular da Delegacia de Atendimento à Mulher de S?o Gon?alo, refor?ou a importancia da denúncia: — Quem atende precisa saber escutar essa mulher. é horrível falar de uma intimidade. Mas o silêncio mata, falar n?o. Seguran?a máxima: presídio onde está envolvido no assassinato de Marielle abriga chef?o de fac??o paulista e espi?o russo Homens na luta contra a violência Capitaneado pela Secretaria de Estado da Mulher, o Servi?o de Educa??o e Responsabiliza??o do Homem (SER H) é um programa que realiza palestras, campanhas e treinamentos para responsabilizar e conscientizar os homens a respeito de toda forma de violência contra a mulher. O SER H foi criado por meio de uma resolu??o estadual, no último dia 6 de julho. Até agora, seis municípios foram atendidos: Rio de Janeiro, Nova Igua?u, S?o Gon?alo, Duque de Caxias, Seropédica e Itatiaia. E mais de quatro mil pessoas já foram impactadas pelo programa, que tem a participa??o da sociedade civil. Segundo Tatiana Queiroz, superintendente estadual de Enfrentamento da Violência contra a Mulher, todos os municípios est?o recebendo assessoria para implantar o programa. — Nós fazemos uma conversa transversal com a sociedade civil. Muitos homens acham que n?o fizeram nada, que n?o s?o responsáveis pelo crime que cometeram. A gente tem a sensibiliza??o do público masculino, a capacita??o dos homens no servi?o público para o acolhimento às mulheres, e a responsabiliza??o dos homens pelo que eles cometem — afirma Tatiana. 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